sábado, 3 de julho de 2010

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Tentava mostra-lo todos os dias e conseguia! Era forte para tudo - o que sonhava, alcançava. Era muito falado aquele seu jeito de ser mas para ela esse era o menor de todos os problemas, bom, pelo menos durante o dia. Quero dizer que, era como a Lua: tinha duas faces mas so por uma dava a cara e só por essa a conheciam, a outra, essa ninguém nunca tinha visto nem ouvido falar sobre, era uma parte que vinha guardada no seu coração desde que se lembra desde que a sua consciência começara a adquirir razões para tal.
Ela sabia como era, nao podia dizer-se que nao se conhecia a si própria porque ela conhecia cada pormenor seu melhor do que ninguém. Era mais uma daquelas coisas que sabia e omitia, era dela. Sabia também como era e não admitia que se lhe revelassem mais "à partes" fora dos que ela própria tinha definido na sua mente para se caracterizar a si mesma.
Contudo, era uma mulher sofrida. Sabia bem o quanto custava ser alguém firme para os outros, e frágil para si mesma. Se estivesse de veras ocupada e se deitasse cansada, nem ela dava por esse seu outro género, mas se (como era habitual) contava as horas para que um novo dia começasse, ela perdia-se por completo nos seus pensamentos, esses cujos que lhe desenterravam tantas memórias dadas por esquecidas, e era, era especialmente nesses momentos que ela, sozinha e de relaçoes cortadas com o Mundo, chorava muito por tudo. Sentia aquela dor no peito, como que um aperto tão agudo que quase nos dá por vencidas, aquela dor de barriga que em tempos tinha sentido por coisas totalmente insignificantes como: testes, namorados de infância, reunioes de familia, todos os momentos em que tinha perante as suas mãos o papel principal. Agora era diferente, era mais complicado e de uma seriedade incapaz de ser compativel aos bons velhos tempos.
Tinha tanto (por sua consciência) por que chorar, tinha falhado em muitos pontos mortais da sua vida, mas sabia que, apesar de tudo, tinham falhado muito para com ela, e isso não podia perdoar. Era incapaz de esquecer é certo, e talvez se perdoasse fosse um assunto engavetado, mas nao... para ela os actos nao eram frases escritas a lápis e apagados com facilidade, dentro dela o bicho corroía todos os seus orgãos se tal acontecesse, se ela simplesmente esquecesse.

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