quarta-feira, 7 de julho de 2010

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Conseguiu o que queria, mas o resultado obtido não lhe trouxe nenhum tipo de felicidade: havia um grande jardim com arvores que pareciam tocar o céu (talvez por ser uma janela tao pequena tinha aquela sensação, pois nao lhes conseguia ver o topo), com bancos parecidos aos dos jardins antigos que existiam nos grandes monumentos, e aquela grande área era delimitada por grandes muros sem nenhuma abertura visível... As pessoas apesar de nao terem qualquer tipo de anormalidade a olho nú, estavam demasiado calmas e haviam enfermeiras que de vez em quando iam ao encontro das pessoas, pondo-lhes a mão em cima de um dos ombros. A este gesto, a maior partepessoas apenas arespondia com um aceno com a cabeça, mas houve uma em particular que chamou a sua atenção... Ao gesto da mulher vestida de branco, um homem muito magro de estatura média, mostrou-se bastante indignado retirando rapidamente a mão delicada da enfermeira. Esta insitiu, sentando-se ao seu lado, mas ele nao lhe deu a devida atenção continuando a olhar em frante, fixamente e sem mexer a boca. Não percebi o porquê daquela situação talvez porque nao estivesse contextualizada. Tentei mover as grades quase como que respondendo simplesmente a um impulso com os músculos, já que quanto à mente, estava mais do que consciênte de que era impossivel sair dali impune da visao de alguém. Mesmo que conseguisse sair do quarto, seria impossivel passar o jardim com aqueles enormes muros e aquela tanta gente.

terça-feira, 6 de julho de 2010

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Acordou sobressaltada, nao compreendia nada, nao era capaz de definir nem o tempo nem o espaço, tudo lhe era demasiado abstrato. Nao estava no mesmo sitio onde adormecera, estava isolada de todo o resto. Era um quarto branco apenas com uma cama arrujada, cama essa empenada e com presentes mazelas. Do lado direito da cama, que se encontrava na parede em frente à da porta havia uma minúscula janela com grandes que formavam um padrão de quadrados perfeitos na parede oposta. Era essa janela que dava alguma claridade ao estranho quarto e foi também para essa janela que correu com esperança de encontrar nela alguma resposta para tantas questões. Mas de nada lhe valeu, era demasiado alta e nem em bicos de pés la chegava, rodou em torno de si mas para além daquela cama velha, nao havia mais nada em que se pudesse apoiar. Começou pouco a pouco a arrastar a cama lentamente em direcção à parede da janela, fez o mínimo de barulho possível, pois para todos os efeitos, nao sabia o que esperar daquele sítio, das mil coisas que podiam estar a acontecer do lado de fora daquelas paredes, nenhuma lhe dava confiança para que se pudesse expor de uma qualquer maneira.

domingo, 4 de julho de 2010

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Não pensava em recompor os seus erros, nada disso nem tao pouco esperava que alguma mágoa passada a procura-se para se tentar desculpar, até porque estava bem claro que não valeria o esforço. Ela tinha ultrapassado tudo o que a fizera sofrer e disso so tinha aprendido a ser forte por si mesma. Era perfeitamente capaz de viver sozinha, mas não era isso o que queria para si, nunca fora isso que sonhara e pretendia cumprir os seus sonhos. No entanto, naquele dia ela estava ali, numa cama de hospital a aguentar-se ao máximo... Tinha que ter princípio próprio mas as vezes era dificil, e naquele momento dificil gostaria sem duvidas de ter alguém do seu lado dizendo-lhe baixinho ao ouvido : "Eu estou aqui, nao tens que fraquejar nem eu te vou deixar recuar." Mas quem ia peder o seu tempo com ela ? Era uma cabeça dura para todos e ninguém ousava dirigir-lhe uma palavra menos simpática. Se até as simpáticas ignorava era normal que nao se atrevessem a dizer-lhe umas quantas verdades que até ela sabia que eram factos verídicos, mas nao queria ouvir. Agora que aguentasse mais uma vez, também uma coisa é certa , se nao saísse dali sobrida ou até viva, ninguém isso iria prejudicar. A ninguém lhe ia afectar. Adormeceu a pensar naquilo esperando ter boas noticias ao acordar, se bem que, já lhe era indiferente nao acordar.

sábado, 3 de julho de 2010

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Tentava mostra-lo todos os dias e conseguia! Era forte para tudo - o que sonhava, alcançava. Era muito falado aquele seu jeito de ser mas para ela esse era o menor de todos os problemas, bom, pelo menos durante o dia. Quero dizer que, era como a Lua: tinha duas faces mas so por uma dava a cara e só por essa a conheciam, a outra, essa ninguém nunca tinha visto nem ouvido falar sobre, era uma parte que vinha guardada no seu coração desde que se lembra desde que a sua consciência começara a adquirir razões para tal.
Ela sabia como era, nao podia dizer-se que nao se conhecia a si própria porque ela conhecia cada pormenor seu melhor do que ninguém. Era mais uma daquelas coisas que sabia e omitia, era dela. Sabia também como era e não admitia que se lhe revelassem mais "à partes" fora dos que ela própria tinha definido na sua mente para se caracterizar a si mesma.
Contudo, era uma mulher sofrida. Sabia bem o quanto custava ser alguém firme para os outros, e frágil para si mesma. Se estivesse de veras ocupada e se deitasse cansada, nem ela dava por esse seu outro género, mas se (como era habitual) contava as horas para que um novo dia começasse, ela perdia-se por completo nos seus pensamentos, esses cujos que lhe desenterravam tantas memórias dadas por esquecidas, e era, era especialmente nesses momentos que ela, sozinha e de relaçoes cortadas com o Mundo, chorava muito por tudo. Sentia aquela dor no peito, como que um aperto tão agudo que quase nos dá por vencidas, aquela dor de barriga que em tempos tinha sentido por coisas totalmente insignificantes como: testes, namorados de infância, reunioes de familia, todos os momentos em que tinha perante as suas mãos o papel principal. Agora era diferente, era mais complicado e de uma seriedade incapaz de ser compativel aos bons velhos tempos.
Tinha tanto (por sua consciência) por que chorar, tinha falhado em muitos pontos mortais da sua vida, mas sabia que, apesar de tudo, tinham falhado muito para com ela, e isso não podia perdoar. Era incapaz de esquecer é certo, e talvez se perdoasse fosse um assunto engavetado, mas nao... para ela os actos nao eram frases escritas a lápis e apagados com facilidade, dentro dela o bicho corroía todos os seus orgãos se tal acontecesse, se ela simplesmente esquecesse.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

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Quando era pequenina ela dava por si a imaginar o quanto teria de alcançar até ter tudo o que sempre sonhara, sim ela sonhava, sonhava bastante até. Sonhava sobre tudo, mas quando sonhava a sério, perdia-se nos pensamentos do seu próprio futuro: os da sua vida. E conseguia imaginá-los tão perfeitos! Tudo desde a sua casa ao seu ambiente familiar era perfeito e fazia lógica incomparável no seu raciocinio. Mas não... não era só perfeição criada pela imaginaçao dos sonhos, essa era um elemento básico assumido ao genéro humano, ela encontrava uma certa realidade de aprovamento que ninguém, por mais experiência ou cultura de vida que tivesse, poderia alcançar. Era feliz, tão mais feliz naquele tempo... Porque, no fundo, ela nao tinha ainda provado o amargo gosto da realidade, ela nao sentia ainda na pele tudo o que constantemente planejava. E não receava que algo a pudesse magoar, quem nao sabe nao receia apenas anceia e é por isso que em crianças nós somos tão felizes. A engenuídade é superior à razão e o Mundo no seu real não lhes é dado a provar. E é melhor assim. Agora pensa isto porque um dia ela teve que crescer, sozinha mas desde então tornara-se naquela mulher forte e segura coisa que, em todo o genero de situaçoes, lhe estabelecia uma segurança incomparável à de qualquer outra mulher. Mesmo que nao quisesse ela estava ali e agora, e não queria, ou talvez quisesse e apenas nao o admitisse. Nunca foi de fraquejar, e admitir algo parecia-lhe a ela dar parte fraca. Então colocava o seu orgulho sempre, dia após dia, no topo das suas divergências. Este era mais um dos seus tantos aspectos, que a faziam parecer a mulher rigida que ela propria queria mostrar ser.